domingo, 30 de maio de 2010

MÃE SÓ HÁ UMA. E PRECISA MAIS?

segunda-feira, 12 de abril de 2010

MÃE SÓ HÁ UMA. E PRECISA MAIS?
O livro TAMBEM COM A MÃE QUE TEM (Editora Paulus) está esgotado e sem previsão de nova edição. Então vamos colocar alguns trechos até o dia das Mães. Entre outras coisas a Maria Dobradura adora aquele caldeirãozinho de bruxa que ela tem. E como "mãe" do livro, ela vai achar tempo e postar alguns trechos do livro na mistura total. Ela tem os direitos.

Este livro foi pensado quando trabalhava com escolas e virava e mexia perante resultados e comportamentos de alguns alunos alguem dizia TAMBEM COM A MÃE QUE TEM. E isto, fugindo de ser um conceito pre-estabelecido em relação ao aluno dizia o que se tinha de possibilidades de ver o sucesso ou não daquela criança ou adolescente. Mas no livro toda a proposta é para que a mãe seja. Isto mesmo, sem nada escrito depois, nem boa mãe, nem mãe exemplar, nem mãe coragem. Nada. Apenas ser alguem que é, para poder exercer seu papel de mãe ao longo do crescimento de seus filhos.
Vamos à resumo do primeiro texto.
Em primeiro lugar não precisava mais de uma mesmo. De uma mãe. Principalmente porque ela sempre acha que dá conta do recado.
Em segundo lugar porque no degrau do pódio, só cabe uma.
Para terminar qual filho quereria duas mães? A toda hora este filho teria que invocar o Rei Salomãe para que desse um jeito na situação, pois daria no mesmo que ser partido ao meio e vivo.
A historia de duas mães só é possivel, mas lenda, quando há duas muito boas. A mãe verdadeira e uma avó quase ou mais que mãe. Uma madrasta que chamam de boadrasta. Uma madrinha que o carrega nas costas.
Um adolecente dizia "Mãe é bom, mas dura muito!".
E um menino pequeno que ouvindo a mãe dizer que queria ser uma formiguinha para ver o que ela fazia na escola, nada comentou com palavras, apenas fez o gesto de matar a formiguinha com a ponta do sapato.
Sem extermínios matricidas o nosso assunto é no mínimo de intenções construtivas.
Para que precisaria de duas mães? Ela tem várias ao mesmo tempo. Faz discursos e se as coisas dão errado, vaticina: "Não falei que não ia dar certo?", ou ainda "Bem que avisei" ou aquele "SE VOCE ME OUVISSE".

Tem mães que gostariam de ser advinha, guru, bruxa, fada. Ela se esforça, mas sua bola de cristal está rachada de tanto que lhe pergunta Onde foi que errei?, O que será que meu filho está fazendo? Onde esse meu filho vai parar deste jeito?

Há mães que continuam a ser várias, mesmo com filhos crescidos. Chama para acordar, leva, vai buscar e tantas coisas que acaba sendo a mãe self-service de filho.

E aquelas mães com trabalho profissional que queriam ser várias? "Fico com pena do meu filho, então, quando posso faço tudo por ele". Isto mesmo, não é PARA ele, é POR ele.

Que atraso!

Mãe é mesmo produto exclusivo. Pode-se até ter pai desconhecido, mas mãe é impossivel. Só se foi abandonado, mas mesmo assim ela sabe que teve seu filho. Ninguem escapa por acaso da barriga de uma mãe. A natureza obriga a nascer e se é acolhido. Terrível os que somente são recolhidos.
E o colo de mãe continua diferente, mesmo que se pule de um para outro. Mãe só há uma. Mesmo quando ela é um desastre, só tem uma. E o filho aprende a sobreviver a uma vida de risco. Escapou-se do aborto, reage-se fisicamente à saúde de poucos cuidados, enfrenta-se a escola da vida somente como autodidata. Que bom que este tipo de mãe só haja uma para o filho, mas há muitas na sociedade.
Entretanto, chegam informações, nada recentes e as próprias mães têm a tendencia de obstruir estes tipos de mensagens.

HÁ DUAS MÃES, SIM!
Há duas mães mesmo. As mães para todos os serviços devem ser substituídas pela mãe interior de cada filho. Que tal, ele se chamar para acordar, na medida do crescimento, ir se trocando sozinho, providenciar seu café? Nem sempre claro, porque a mãe gosta e precisa sentir-se útil. "Eu faço tudo com o maior prazer", mesmo que seja entre bocejos e trombada nos moveis.

Que tal deixar a mãe interior de cada aprender e tomar conta de si mesmo nas ruas, ensinar como tomar onibus, andar a pé e saber com orgulho que sabe se virar? (Gradativo na idade, nas condições da cidade, mas não até depois dos 40 anos de idade).

Que tal deixar que a mãe interior de cada um receba seus próprios amigos? (Com supervisão gradativa, claro!)

"Ah! mas eles fazem tanta bagunça!"

Ótimo! Mãe interior tambem pode fazaer serviço completo. Claro que tudo isso, às vezes, de vez em quando, ou muitas vezes, pois sempre é bom algo feito pela propria mãe, porque tem gosto diferente.
Mas a mãe exclusiva, aquela tal que é única, seja valorizada não como a maternidade de serviços gerais, incluindo serviços profissionais externos, mas a de amizades, a de orientadora de alguem que aprende e ensina a cuidar de si. Que seja aquela presença constante, mas não maçante, absoluta, estrita e estreitamente obrigatoria.

E como a Psicologia é a ciência do bom senso (o psicólogo não é o dono do bom senso!), ela, a psicologia, diz que isso pode ser feito dentro dos limites normais e deve ser implantado mesmo com crianças. De vez em quando cada um é o reflexo de sua mãe, seja para tarefas materiais, para condutas a serem tomadas (nem sempre a mãe está presente para dizer que é hora de respeito, hora de brincar, é hora de estudar etc.) e até para se experimentar o tomar conta de si mesmo.
Ninguem precisa de mais de uma mãe, ainda mais das sacrificadas, abelhinhas trabalhadoras, das babás-motoristas, das consultoras de moda... a lista é infinda. Estas funções podem ser exercidas ao longo da vida pela mãe, mas ocasionalmente o gosto fica muito melhor.
Há uma ou duas? É preciso mais?

Terminando com uma frase de Barry Stevens (no livro Não Apresse o rio - Ed. Summus)
"Carta do meu filho. Do meu ex-filho. Agora ele é filho dele mesmo." (*)

(*)Nós, aqui presentes, não precisamos exagerar!

Postado por Maria Dobradura às Segunda-feira, Abril 12, 2010