segunda-feira, 12 de julho de 2010

AINDA BEM COM A MÃE QUE NÃO TEM

segunda-feira, 26 de abril de 2010

AINDA BEM COM A MÃE QUE NÃO TEM
Em 1998 lendo o Suplemento Feminino do Estadão (jornal O ESTADO DE SÃO PAULO) deparamos com uma colocação da grande atriz Katharine Hepburn: "Eu seria uma mãe horrível. Na primeira vez que meu filho não quisesse fazer o que eu mandasse, eu o mataria.".
Lendo só a proposta de matança é chocante.
Hoje (2010) é raríssimo o dia em que se abre a internet e não se encontre de cara alguma notícia de maus tratos a crianças, até bebês indefesos. Ou pais, ou adjuntos familiares ou babás escolhidas pelos pais continuam praticando maldades rapidamente difundidas. Sabe-se que o mal tem muitas faces escondidas, mas quem se propõe a colocar um vídeo para desmascarar já está desconfiando. Mesmo sabendo das necessidades é muito intranquilo sair de casa para ver o vídeo depois do acontecido. Mesmo se sabendo que ás vezes é dificil acreditar no que outros dizem.
Na historia de babás vividas aqui em casa, que nem foram tantas tivemos boas escolhas e duas muito ruins. Uma era agressiva, mas no que se soube não se esperou 24 horas para ser dispensada e outra foi pior, fazendo eternamente a vontade em especial de uma das crianças foi causando problemas em doses minimas, gradativas e sérias.
Não se culpam os pais, pois há nuances ás vezes imperceptíveis aos olhos de quem precisa.

Mas voltando ao assunto do TAMBEM COM A MÃE QUE TEM neste texto AINDA BEM COM A MÃE QUE NÃO TEM.
Se formos pensar apenas nas questões matanças e violências é melhor não ser mãe quem de antemão, como Katherine Hepburn, sabe que não será.
Em tudo hoje em dia a escolha é senão pelo nivel ótimo, pelo menos o bom ou o esforçado para ser melhor. Se essa é uma posição de qualidade que serve para tudo na vida, não seria por menos na função e papel de mãe.
Muitas vezes, mulheres que temem ou negam a maternidade e que por alguma situação chegam a ela, têm se mostrado excelentes na educação, no amor, nos cuidados e em ajudar seus filhos a crescer bonito.
Boa postura materna não é privilégio de classes mais favorecidas. Não mesmo. Em escolas particulares tambem se encontram crianças marcadas por surras, fivelas, unhas. Talvez se disfarçam mais as marcas de crueldade.
Nas situações de baixa renda aparecem mais, pois às vezes as situações socio-econômicas expõem a muitos mais riscos.
Baixa ou alta renda, a questão é amor com respeito aos filhos. Há muito carinho nas casas pobres e nas ricas. Há muita rejeição tambem nos dois lugares. Uns vão para as ruas, outros para as lojas, para as escolas, mas não são mais felizes que os primeiros, só são mais protegidos do clima, da fome e do desabrigo.
Uma vez tive que ouvir uma mãe alta renda dizer que os orientais não davam muita atenção aos filhos, porque permitiam que eles assumissem compromissos sozinhos. Esta mãe não entendia o sentido de educar para se assumir. Muitos pais pensam que educar é proteger seus filhos contra tudo, contra todos, em qualquer circunstancia com ou sem razão. Como ouvi tambem uma mãe (boa mãe e boa profissional) que se dividia em mil para estar presente em todos os momentos dos filhos, mesmo com eles crescidos e em faculdade. Este segundo parto, em que os filhos pediram um pouco de afastmento foi duro para ela, mas aconteceu e ela sobreviveu.
Há um filme antigo, anos 90, que se diz baseado em historia verídica, portanto deveria ser tristíssimo, mas é comédia. O filme MAMÃE É DE MORTE (Serial Mom de John Waters), com a atriz Kathleen Turner, trata do assunto de uma excelente dona de casa, mãe prestimosa, que extermina todos e qualquer um que ofendam ou perturbem sua familia e a ela mesma. O filme leva a rir e marca uma preocupação: a propaganda de exterminio aos outros. Um dia depois de ter assistido ao filme, percebe-se que ele realmente é um elogio ao extermínio. O pastor da Igreja defende arraigado a pena de morte. A "mamãe é de morte" é inocentada pelo júri, pela opinião pública, pela mídia, todos manipulados por ela mesma. Sobra para a familia aceitá-la novamente, mas ela rende dinheiro, cozinha bem e quem melhor que ela para cuidar de tudo e de todos. Acredita-se até que ela faz o que muitas têm bastante vontade. É cena curtinha, mas fica pairando no ar, quando uma jovem grávida, ao comprar o livro autobiográfico, pergunta se nele se ensina a ser uma futura mamãe serial killer.
E há quem ainda ache que maternidade é algo suave, etéreo, já nasce feito, é instinto e o que não é, se compra pronto.
Fique bem claro que a formação de mãe deve sempre ser discutida, acrescida e isso em qualquer posição socioeconômica em que se encontre.
Escolas, instituições particulares e governamentais devem proporcionar essa formação.

Talvez a psicologia e outras carreiras afins, como serviço social, pedagogia, medicina, terapia ocupacional, públicidade, marketing e tudo o mais que estiver ligado devessem sair de consultorios e escritórios ir para pracinhas públicas, portas de escola, filas de ambulatórios médicos, sessões de cinema infantil, portas de estádio e ginásios desportivos, shoppings, páginas de jornais, revistas e outdoors encontrar mães.
A mãe bombardeada não morreria, mas sobreviveria bem melhor. Hoje um dos grande problemas é educar o filho para valores éticos quando os outros não estão aprendendo nada disto. Uma confluência de aprendizagens positivas na prática seria ótimo.
Valores e principios seriam propagados em larga escala. Modos de fazer, de tomar e se alimentar para crescer saudável tambem na função e o modo materno estaria difundido.
Terminando este texto deve-se felicitar a todos os filhos que não têm mães que não quiseram assim ser, ou que não têm mães sempre negativas incapazes de ser diferentes. Parabens tambem para os que conseguem evitar mães (falam em evitar filhos, o inverso deveria ser possivel) que podem matar mesmo desarmadas.
Muitos são exterminados ainda como fetos, mesmo sabendo-se que há sentimentos vitais nessa fase.
Outros merecem parabens, pois não têm mães que através de armas variadas, exterminam seus professores ou a sua confiança neles, seus amigos ou sua oportunidade de conhecer pessoas diversas, seus vizinhos ou criando uma desconfiança na volta de sua casa o que dizer com o mundo, eliminando quem os possa desprezar ou tirando dos filhos a oportunidade de saber escolher pessoas e afetos correspondidos.
Parabens para os que não têm mãe que os exterminam em nome de práticas religiosas duvidosas.
Parabens para todos aqueles que não têm mães que os matam devagarinho com palavras e idéias incutidas por inveja, insatisfação, falta de objetivos próprios. E como! As palavras que não são ocas e exterminam quando:

-ficam chamando os filhos de "atrapalhação da minha vida";

- "não seja bobo, todo mundo te faz de bobo";

- "se voce não bater nos outros, quem vai bater em voce sou eu";

- "voce só causa problemas";

- "voce não pode ser como seus colegas?";

- "o que eu fiz para ter um filho como voce? Tomara você não tivesse nascido!".

E o círculo vivioso se estabelece na própria familia, se difunde e cresce cada vez mais.
Katharine Hepburn até que era uma mulher de visão.

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