terça-feira, 13 de julho de 2010

DINAMISMO EM AULAS E TREINAMENTOS - PROJETO DESAFIOS NA SALA DE AULA E EM TREINAMENTOS

Texto inicialmente postado na MARIA DOBRADURA em 5 de janeiro de 2010, agora aqui com ligeira revisão.


 PROJETO DESAFIOS NA SALA DE AULA
Sem formação de professora de primeiro grau, mas enquanto psicóloga, também tenho licenciatura. Por ocasião de meu estágio em Psicologia Educacional (sou formada pela terceira turma de Psicologia da PUCSP) comecei a perceber alguma coisa que até hoje vejo como gritante. Quer em excelentes escolas, como em instituições menos favorecidas, até mesmo em escolas bem intencionadas muitas vezes o grande problema é exatamente lá... na sala de aula.
O estágio da turma da PUC na ocasião era feito numa escola pública experimental de primeira linha. Isto foi pouco antes da degringolação do ensino nacional. Mas o que se via por lá. Todo um aparato de pessoal especializado em educação desde pedagogos, psicólogos, fonoaudiólogos, assistentes sociais, linguistas, matemáticos e, claro, professores e o mais importante os pequenos senhores alunos.
Muitas vezes todo o aparato não chegava lá, exatamente lá na relação de aprendizagem entre professores e alunos.
O estágio de algumas horas com certeza ensinou muito, mas a mim mesma. O tema escolhido Dinâmica de Grupo na sala de aula com professores do, então, primário trabalhei na época e o assunto continua comigo até hoje. Acredito que crescemos juntos.

Conclusão do que percebo desde então. Sala de aula era e é algo muito aleatório enquanto dinâmica, com boas intenções que não encheriam o inferno. Era como ainda é um movimento muitas vezes perdido e isto não é privilégio ou melhor, desprivilégio, de escolas mais desprovidas de meios econômicos e sociais. É algo muito comum e até corriqueiro. Estenda-se até nível universitário onde muitos não sabem o que estão aprendendo e muitos não sabem porque e COMO ensinam.

Depois, já formada tive a imensa oportunidade de trabalhar no Projeto Mobral, mas se entenda bem, assumido pela Prefeitura do Município de São Paulo, mais especificamente pela, na época, Secretaria de Bem Estar Social. Costumo dizer de boca cheia que o Mobral da cidade de São Paulo era diferente de todos os demais.
O contato foi com excelentes profissionais. Enquanto na maior parte dos municípios isto era assumido com coordenação, ou pelas Secretarias de Educação municipais e estadual o nosso projeto, nascido do setor de Educação de Base se aventurou por formar o aluno do Mobral da e na cidade de São Paulo. Iniciando-se no ano de 1970 foi indo em frente nas possibilidades que o governo da época permitia. Na cidade de São Paulo desde o inicio contou com gabaritados profissionais variados de Educação até mesmo sociólogos, filósofos educacionais, assistentes sociais e se procurou entender esta clientela tão específica. Foram feitos levantamentos de quem era este aluno (na totalidade eram para mais de 50.000). Foi criado material específico, pois a realidade dos alunos daqui era muito diferente do resto do Brasil com tantas especificidades de onde a maioria veio, para onde veio e era aqui que sua educação deveria também lhe dar maiores garantias de vida.

O material de excelente qualidade não foi permitido, pois acordos políticos e grandes editoras estipulavam qual material era oficial e unificado para todo e qualquer cantinho diferente deste Brasil.

A equipe de São Paulo - capital, não se deu por vencida e fez adequações para o material oficial incluindo uma verdadeira educação integrada de conteúdos de língua portuguesa, matemática, ciências, historia e tudo o mais, com aprendizagens para o projeto de vida deste aluno na cidade de São Paulo. Este aluno era alguém que morava num extremo da cidade, trabalhava em outro, num destes dois lugares frequentava as aulas, quando não no meio do caminho.
Nossos monitores eram das mais diferenciadas formações, e até com sub formação, então tínhamos que capacitá-los. O material elaborado continha atividades diárias para o monitor desenvolver a matéria e chegar aos objetivos com propostas pedagógicas, educacionais e sociais. Claro! Ele, o aluno, vinha de locais em que muitas vezes nem de documentos necessitavam e em São Paulo, nada se fazia sem certidões, documentos de identificação, carteiras de trabalho. Ao mesmo tempo que se providenciava para que ele fosse um cidadão com seus direitos eles aprendiam a escrever, a usar números e saber muito mais coisas. Isso é apenas um dos exemplos integrados.

A cidade de São Paulo se dividia em Unidades Regionais que agrupavam alguns bairros (doze unidades e depois se expandiram como a cidade), para cada Unidade tínhamos mais de um pedagogo e de assistentes sociais e na Central pedagogos, assistentes sociais, psicólogos, sociólogos, linguistas, matemáticos que o tempo todo tinham em mente a clientela, cada aluno e faze-los crescer. Esta vontade estimulava a dinâmica e porque não dizer o sucesso da aprendizagem.

Conseguiu-se tudo? Não. Na época tínhamos planejamentos que constantemente eram avaliados para verificar TA, PA e NA. A porcentagem das coisas totalmente atingidas, parcialmente e não atingidas e mãos à obra. Lutava-se para fazer o melhor acontecer na sala de aula.

Trabalhando com a coordenação destes técnicos de central e de áreas, foram muitos treinamentos e o gosto por isto ainda cresce e não canso de, se posso, auxiliar a profissionais de escolas, de treinamentos e até de universidade grandes a elaborar alguns tipos de aulas, treinamentos e cursos. Até em cursos de engenharia já houve a possibilidade de trabalhar em colaboração com professores. Independe de dominar conteúdos muito específicos, mas de saber que tudo isto é feito entre pessoas e tem que atingir um objetivo e com gosto de querer mais, tanto para quem aprende como para quem ensina.

A educação foi ficando triste, de vez em quando tenta se levantar, consegue-se um pouco, há muitos recursos para controle, muitas críticas até aquela infeliz de "não ganho para isto".

A proposta é esta troca e este conseguir. Optei por um trabalho aberto, livre que atenda a quem precisa, independente de não ganho para isto, mas querendo ver que mínimos e máximos esforços, poucos ou muitos recursos podem ser valiosos e se distribuírem por aí.

Ah! E dá para educação ser divertida e instigante, o hoje um gancho para amanhã.


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