quarta-feira, 14 de julho de 2010

DINAMISMO EM AULAS E TREINAMENTOS - PROFESSOR COMO ESTÁ FICA! - REFLETIR PARA O DINAMISMO

No jornal FOLHA DE SÃO PAULO de 5 de abril de 2010 há uma reportagem - APRENDER A ENSINAR - a respeito da observação de professores considerados bons que fazem algo diferente. Há algumas sugestões adaptadas de um livro sobre como agem os melhores professores, numa pesquisa do autor americano Doug Lemov citadas em seu livro TEACH LIKE A CHAMPION.


Na semana anterior um artigo no mesmo jornal citava escolas que adotam materiais de ensino fabricados à distância. Isto mesmo. Eles não se dirigem a uma clientela específica, eliminam profissionais necessários e ainda criam um comodismo no professor. Ainda dizem que são utilizados por isto mesmo, pelo professor não capacitado para sua profissão.
As escolas de maior poder aquisitivo dispensam estes materiais, pois têm profissionais mais gabaritados e ainda garantem maior sucesso para a escola em ranking para se estabelecer qualidade.
Tudo isto é mais que sabido. E apenas nos perguntamos até onde vão insistir no erro? Quando não tiver nem alguém, nem nada mais a ser feito? Nem educação a ser proposta?
Parece que aceitam-se professores "capengas", então dá-lhe material pré-fabricado em cima.

Nos anos 70 no Mobral do Município de São Paulo obrigados a utilizar materiais impostos pelo governo federal tínhamos uma equipe excelente que adaptava os tais materiais para a clientela específica desta grande cidade. Tudo era planejado, treinado, observado  com conteúdos analisados e resultados avaliados. Ah, e replanejados no que fosse necessário. O professor só não aprendia se não queria ser mais e fazer melhor.


Há algum tempo na criação de apostilas para um colégio na elaboração de material para alunos a versão para os professores era muito maior. Propiciava dicas, saídas, sugestões e provocava estimulações. Motivava-se o professor a ser e fazer mais.


Revemos agora num pequeno e precioso livro da Fundação Getúlio Vargas de 1971 com a coletânea de artigos da revista EL CORREO DE LA UNESCO (reparem na antiguidade).
Desatacamos o artigo O FUTURO DO ENSINO de John I. Goodlad (diretor de Programa e Pesquisa e do Instituto para o Desenvolvimento das Atividades Educacionais e reitor da Escola Graduada de Educação da Universidade da Califórnia)
Na época (69/70) John Goodlad coloca a influência da televisão e revela a sombra que já se vivia antecipadamente dos computadores. Na sua análise ele chega a questionar que a próxima era (isto para ele era numa proposta para o ano de 2001) seria a do ensino sem professor ou, antes, da interação homem-máquina. Nestes levantamentos ele se pergunta se o computador virá para a escola como a tínhamos naquela época e como seria a acessibilidade para a sala de aula. O fator preço seria diminuído com o tempo. A máquina exigiria pessoal especializado e muito mais coisas que (nós deste século) já vimos ao longo do processo. De modo algum John Goodlad questiona o valor de tal instrumento de comunicação. Mas ele questiona o detalhe humano como ficaria, admitindo que ele é NECESSÁRIO ao aprendizado.
Naquela época John Goodlad já achava que a falta de um sensível fator humano é o que explicaria porque as escolas não tinham rendimento tão elevado. Os professores não tinham se adaptado à televisão o que se diria à era que viria dos computadores. Em sua colocação os professores poderiam debater sobre qual a divisão de responsabilidades entre o homem e a máquina. Esta seria legitimada como auxiliar no programa de ensino. As conclusões, dele, avançadas para o tempo e que vemos concretizadas em vários pontos, diz que o mais importante da profissão didática é a humanização do processo de instrução.


Ele falava na primeira pessoa: "Nós sempre defendemos objetivos verdadeiramente humanos para a educação, mas isto não significa que tal coisa esteja sendo alcançada corretamente. Duas oportunidades se abrem à nossa frente. A primeira é a humanização do conteúdo do curso didático. A segunda é a humanização de todo o sistema de instrução."


Resta - agora falando de previsões passadas e realidade atual 2010 - conscientizar a todos e ao professor de sua grande responsabilidade. Ele não está sendo substituído só pela máquina, mas dependendo de seu desempenho por frias apostilas.
Debates realmente importantes do ponto de vista educacional devem ser feitos ainda e dar importância aos questionamentos dos anos 60 de John Goodlad. Seguem-se os mesmo.
Como anda a cultura que ensinamos - e a que aprendemos?
Até que ponto cada indivíduo tem amplas possibilidades para desenvolver o máximo suas potencialidades?
Até que ponto cada indivíduo está tomando consciência de seu valor pessoal, o mesmo senso de valor que é necessário para a auto-realização?
Até que ponto os cidadãos estão desenvolvendo os verdadeiros valores humanos, que transcendem do homem de qualquer época ou país?
Uma quinta pergunta é ainda mais importante, desafiadora e assustadora, agora que o homem dispõe de forças modificadoras tão importantes:
Como cidadão e educador, eu advogo o direito de participar do diálogo perguntando: que tipo de seres humanos desejamos formar?
Por conta disto tudo vemos que a sala de aula e o professor estão sendo colocados numa geladeira que não o deixa congelado e parado, mas exige que ele se movimente endurecido, alheio e cada vez mais, já que ele não é capaz... deixa como está.”


O artigo de hoje da Folha dá, mas muito pouco alento. As grandes empresas que vendem material para anônimos e despersonalizados assusta bastante. É a brincadeira: COMO ESTÁ, FICA!

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