segunda-feira, 12 de julho de 2010

FIVE O'CLOCK TEA - 2o. capítulo

GRACINHAS DOS FILHOS- (continuação)

CE observava o que viria a seguir.
Decidiram começar com Amalie Freud, a mais quieta até então.
- Mein goldner Sigi (meu garoto de ouro), como eu o chamava, colecionava piadas, sobretudo a respeito de nosso povo judeu. Com meus netos Ana e Martin, já adultos, vivia fazendo piadas a respeito de tudo e de todos. Ele dizia que esse seu lado era influência do meu senso afiado de humor. Claro, vivi 95 anos, o que é privilégio (para os outros com quem convive) somente dos bem-humorados. Mas, nem as piadas escaparam da análise de Sigi, que as considerava como vazão de inibição, claro que sobretudo sexuais.
Mamma Roncalli sentiu que o assunto estava ficando pesado no entendimento e disse:
- Frau Amalie, mas seu filho nas fotos é sempre muito sério.
- Sim, como ele mesmo dizia, quando as tirava, que era preciso "fazer cara de fotografia". Mas a espirituosidade fazia tambem parte de sua marca registrada. E, mamma Roncalli, Sigi gostava dos italianos exatamente por essa característica, a alegria com riso fácil de seu povo barulhento.
- Barulhenta, io?! - riu gostosamente lembrando-se de seus 13 filhos e de toda a "parentada", que moravam na sua casa e que jamais compararam pobreza com tristeza. Menos ainda a silêncio.
Dranafile Bojaxhiu pensou que a miséria e não a pobreza, causa tristeza, e muita, mas não é vencida por esta.
- Teresa ficava muito indignada com a miséria, mas reagia sempre com ação, reação e humor. Recordo dela dizer que começava reuniões com uma piada, porque as suas comunidades podiam entrar em derpressão por causa dos acontecimentos deprimentes. Lembro de uma das piadas que contava sobre um viajante que tem seu carro quebrado numa terra deserta e quer seguir viagem a qualquer preço. Para isso só consegue achar por perto um mosteiro, onde lhe cedem uma mula que se move com as instruções de parar quando dizem Amem e andar quando ouve Graças a Deus: "Tudo correu bem até que surgiu um precipício diante dele. Nervoso, ele se lembrou a tempo de gritar 'Amem, amem'. O jumento parou bem na beirada do precipício. Então o homem com todo o fervor: 'Graças a deus, graças a Deus' e caiu no precipício".
CE lembrou-se da fotos de Madre Teresa sempre sorrindo.
Lady Jeny disse que seu filho era rápido na linguagem, tendo sempre respostas apropriadas e diretas aos que lhe cutucavam.
- Soube que uma vez num jantar uma condessa ou baronesa, não lembro bem, disse a Winston que, se ele fosse marido dela, ela o envenararia. E ele respondeu que se ele fosse o marido dela tomaria o veneno com todo o prazer.
Pauline Einstein contou que seu filho foi uma eterna criança que muitos já viram na famosa fotografia em que ele mostra a lingua.
- Foi um gesto cômico e não mal-educado para todos que o viram. Por sinal ouvi comentários de estudantes que acharam isso muito bom, pois não havia necessidade de seriedade extrema para se estudar física. Diziam que dava para estudar coisas dificeis e rir disto tudo.
Mamma Roncalli, mostrando que para ser espirituoso, era necessario prestar atenção a tudo, se sai com essa:
- Vai ver que essa era a "cara de fotografia" de seu filho, Pauline.
Ela propria, mamma Roncalli continuou dizendo que seu filho armou tantas, principalmente depois de papa que até tinham escrito livro sobre isto.
A pedidos ela lembrou-se de dois acontecimentos.
- Contam que uma vez um diplomata ao ser recebido pelo Ângelo, ou melhor pelo papa, lhe perguntou quantas pessoas trabalhavam no Vaticano. E ele respondeu: - "Ah, não mais que a metade".
- E há outra. Ele, já papa João XXIII foi visitar o hospital do Espírito Santo. Chegando lá, a irmã superiora confusa, lhe diz: "Santo Papa, sou a superiora do Espírito Santo!", vejam o que ele respondeu: "Sorte sua irmã, só consegui ser um vigário de Cristo".
A CE lembrou de ter lido, não lembrava aonde, que para João XXIII a sua natureza alegre era uma grande dádiva divina.
Maria Picasso disse que não conseguia se lembrar de algum fato pitoresco neste sentido de seu filho. Mas um fato que para ela parecia piada era que o pai de Picasso era pintor, mas ele preferiu assinar como Picasso o sobrenome dela, mãe, e não Ruiz sobrenome de seu pai.
Antes que Amalie invocasse seu filho para analisar a mãe de Picasso e o complexo de Édipo de Pablo, a própria Maria Picasso sugeriu que falassem sobre teimosia de filhos.
Amalie Freud achou que poderiam, em vez de casos de teimosia negativa, falar em determinação, força de vontade.
CE vibrou interiormente. Não era esse um dos problemas dos jovens atualmente? Excesso e teimosia gratuita e ausencia de valores da vontade?
Foram interrompidas por um movimento inusitado até então na sala. Eram alguns pequenos cães de lady Jenny Churchill que entraram à procura de Winnie Winston que logicamente não estava lá.
Amalie expressou alegria, pois amava realmente os cachorros. Lembrou-se de que Sigi jamais ficava sem esse tipo de companhia, nem mesmo quando atendia seus clientes.
- Lembro-me de dois cachorros da raça chow-chow, Jofie e Lun-yu. Sigi dizia que "aquele a quem Jofie não goste tem alguma coissa errada. E Jofie tinha razão".
Pauline lembrou que havia a presença de cachorros na casa de Princeton onde Albert morou.
Maria Picasso disse que guardava um desenho de cachorro que Pablo havia feito aos 8 anos.
Dranafile disse que na casa das irmãs na India tinha um cachorro "Kala Shaitan" (Diabo Negro) que estava lá para proteger as irmãs contra ladrões e que era de uma ferocidade espantosa até com elas mesmas, mas ninguem tinha coragem de mandá-lo para outro lugar, pois ele era um verdadeiro anjo com Teresa que gostava muito do animal.
Antes que alguem se lembrasse da semelhança de Winston Churchill com buldogues e boxers, o assunto retomou o rumo proposto anteriormente. A teimosia.

- Continua amanhã -

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